31.3.08

Galeria do ICHF inaugura dia 4 a Exposição "Movimentos Fractais",
de Márcia Vinhas

A Galeria de Artes do ICHF abriga no mês de abril a exposição "Movimentos Fractais", de obras da artista plástica Márcia Vinhas, niteroiense radicada em São Paulo, que expõe pela primeira vez em sua cidade natal. O coquetel de abertura será na próxima sexta-feira, dia 4, às 18 horas, com show do músico Eduardo Canto. A visitação permanece aberta até o dia 25, de segunda a sexta-feira, das 16 às 20h, com entrada franca. A Galeria fica no Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo.
Márcia Vinhas é artista plástica Colorista, Geométrica e Fractais.Todo o seu trabalho é feito “Alla Prima”, em tinta óleo, sem desenhos ou retoques, fazendo com que cada tela seja única. Toda a expressão está contida no estudo das cores e das pinceladas, que através de suas junções, fazem surgir movimentos, obtendo assim, efeitos tridimensionais.
- "A artista já participou de diversas exposições, e este ano ainda recebeu convite para participar da Primeira Bienal de Arte Contemporânea no México. Mas expor em Niterói, sua cidade natal, era um sonho que enfim se realiza. E uma oportunidade única para que seus conterrâneos conheçam seu trabalho e apreciem de perto a sua arte", afirma a curadora Beatriz Tavares.
Mais informações sobre o trabalho da artista podem ser obtidos na página
www.marciavinhas.multiply.com. Informações sobre a exposição pelo e-mail galeriadeartes@vm.uff.br.

27.3.08


Até dia 27, publicaremos um poema a cada dia.
Tenham abaixo um gostinho do que vai rolar no evento...

KARLA SABAH

EU E O MUNDO, de Karla Sabah

meu corpo não agüenta
canso

um corpo é pouco
amanso

erro
e sigo em frente

berro
ninguém entende

choro
ninguém escuta

luto
não há saída

alma de artista
incompreendida

mundo
filho da puta

26.3.08

DENIZIS TRINDADE

MULHER MAIOR, de Denizis Trindade
às mulheres

sou uma mulher inteira,
fêmea em eterno cio,
sem medo de amar e errar.

sou bruxa, fada e guerreira
e enfrento até tempestades
no deserto e em alto-mar.

eu sou tudo e não sou nada
e sobrevivo às tormentas
sem escudo e sem espada.

sou amante das estradas
e namorada dos ventos,
por isso é que eu sigo em frente.

mais que tudo, eu sou mulher
para o que der e vier.
mais que mulher, eu sou gente.

25.3.08

MARIA REZENDE

Maria Rezende

No meio dos meus peitos mora o filho que eu vou ter.

O buraco que tem lá foi feito por ele em mim muito antes de chegar.
Desse buraco eu nasci.

Quando ele aparecer pra mulher que eu me tornei
é nesse buraco antigo,
bem no meio dos meus peitos,
que ele vai se encaixar.

Esse filho que vai vir faz meus dentes mais macios e ilumina o meu olhar.

Lá no fundo do buraco,
ocupando aquele espaço,
estão minhas dádivas mais raras:
as doçuras que eu cultivo,
minhas melhores palavras,
esperança armazenada esperando ele chegar.

O dia em que ele vier ocupar minha barriga
é nesse sonho vivido que ele vai se aconchegar,
até que meus peitos inchados jorrem no seu corpo novo
todo o leite abençoado que vai nos alimentar.

Desse instante eu vou viver.

24.3.08

BETINA KOPP

ELA, de Betina Kopp

Ela passou

não olhou para trás
mas fez uma pequena pausa
durante 5 segundos pensei que pensou em mim.
Ela caminha
e as ruas parecem labirintos
passos e vôo.
Vou atrás dela.
Vôo.
Nada mais existia
virou jogo, playstation
e entrei de cabeça nessa luta
ocasional, passional, intelectual...
A intuição guiava
o instinto obedecia
e ela se escondia.
Eu já não podia mais parar.
Não importava o destino final.
Era ela.
Estar perto dela
sentir seu cheiro no vento
pisar naqueles passos
seguir seu rastro de luz
até escurecer...
E transcender essa ilusão.

23.3.08

BÁRBARA ARAÚJO

MULTISSABOR, de Bárbara Araújo

Essa vida como está
não me basta.
Essa ausência inerte,
a tristeza à mostra...

Cansei de viver entre alívios.
Cansei de chorares pequenos.
Cansei do semblante sem alma.
Cansei desses dias com calma.

Eu quero mais,
tanto mais.

Quero as estrelas
Quero as estradas
Quero cavalos sem estribo

Quero carícia
Quero delícia
Quero sentir sem sentido

Quero beber-te
Quero tragar-te
Quero gozar-te de amor

Quero a vida voraz
Quero perder a voz
Quero a minha vida
em multissabor

22.3.08

CLAUKY SABA

ANDO VARIANDO, de Clauky Saba

andam dizendo por aí que eu ando variando.
só porque eu sou eu e sou muitas eus,
em meu estilo básico louco romântico
inconstante depressivo maníaco
neurótico e bacana?

ando variando,
ora pé, ora cabeça
mudam de idéia,
mudam senso e direção.

ando variando,
ora amanheço, ora tardo,
mas, não falho,
só vario.

vario porque sou várias eus,
esfinges e coliseus,
indecifráveis, mas, fascinantes!

amo todas as minhas faces
como se nunca as tivesse visto antes.

sem recalques nem percalços,
ando com meus pés descalços.

21.3.08

ADRIANA MONTEIRO DE BARROS

REFLUXO, de Adriana Monteiro de Barros
para Clarice Niskier

Não aprendi a me conter.
Ainda vazo. Infiltro.
Ainda derramo.
Deságuam em mim correntezas. Rios sem margens.
Viver é ato contínuo.
Forma de eternizar o presente.
E há muitas formas.
Todas elas me cabem.
Todas elas me existem.
Umas desfolham. Outras me vestem.
Umas, outono. Outras, inverno.
Certas estações me vertem, sendo água.
Certas pessoas me transpiram, sendo quentes.
Acho que meu fluxo brota em letras.
Depois de escrever, eu jorro para o mundo.

20.3.08

MADAME KAOS

QUEM PINTOU A NORMA?, de Beatriz Provasi
para os artistas do Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro

Que impulsos obscuros que movem tuas mãos?
Qual a cor da tinta que corre em tuas veias?
Que textura é essa que expressam teus olhos?
Quanto de ti tinge a tela?
Quantos de ti tingem a tela?
Que mundos giram em torno de ti?
Com que luz iluminas a terra?
Com que luz iluminas as trevas?
Como colores o cinza?
Com que cinzas que fazes o fogo?
Com que fogo me queimas a alma?
Com que loucura se cria?
Com o que se cria a loucura?
Com que tinta, em que tela, te tingiram louco?
Quem pintou o mundo assim, e não de outra forma?
Qume pintou o mundo e te deixou de fora?
Quem pintou essa tela sem cor, sem forma?
Quem pintou a norma?
Quem pintou a norma?
E se Norma fosse uma bela mulher esculpida pelas mãos de um louco?
E se de tão louco, Norma fugisse à norma e fosse mais bela que a mais bela das belas?
E a ira das menos belas se voltasse contra ela?
Ela seria banida, cercada de muros, teria as mãos amarradas ao corpo para que não pudesse acariciar?
E se ainda assim fosse bela com olhos cheios de luz?
Seria drogada e dopada para mais nada enxergar?
E se ainda restasse um lampejo de vida na estátua esculpida?
E se alguém sugerisse eletrochoque e sua luz virasse trevas?
Será que a Norma se tornaria “normal”?
Ou apenas invisível a olhos nus?
Não habituados a tanta luz?


ÚTEROS, de Juliana Hollanda
para todas as mulheres

os úteros serão os primeiros a mordiscar a pele invadida dos seres extraterrestres através de experiências extra-sensoriais. eles vão rasgar fundo a dor que habita os baços cansados dos homens que possuem o objeto cortante do amor.

cuidado!

eles vão perfurar cartilagens da alma e conversar com os surdos companheiros das curiosidades que apaixonam raízes. árvores frondosas e belas que procriam com a terra irrigada, a chuva de lágrimas curtas da menina, que secou os cabelos com o secador na temperatura máxima.

úteros vão temperar a carne com o gosto suave das mãos cheias de creme hidratante e energia solar. ao mesmo tempo, vão saborear o vermelho sangue, das pegadas frias, de um tênis que chora. pobre all-star vermelho cansado de andar; as borrachas já soltas, sem cola e com furos no dedão do pé.

úteros que fervem no encontro de cérebros, como a água do talharim insosso, que vão servir no jantar para os namorados impacientes de terno e gravata sem nenhuma inspiração.
úteros tremem de terremoto e, molhados de ondas do mar, serão os primeiros a dar a descarga e jogar os restos de ilusão confusa na latrina.
úteros vão se perder na sarjeta de uma costura malfeita.
úteros gritam o medo de morrer sozinhos e sem personalidade.
úteros não se acomodam com uma companhia displicente do lado.



AUTO-RETRATO, de Marcela Giannini

Como ir a fundo,

Se eu não tenho fundo
Como, tendo o mundo nas mãos
Nada ter no mundo

Pra quê ler a estória
Se eu já sei o final
Como rir da piada
Se já me contaram uma versão quase igual

Como querer resolver o problema
Se eu o desmistifico antes do fim
Como vencer

Se eu me adianto
E chego sempre
Antes de mim?

POEMÁTICA - Uma nova (in)disciplina na UFF

Na próxima 5ª feira, dia 27/3, às 19h, vai rolar na Galeria de Artes do ICHF o recital Poemática - A indisciplina da poesia, em meio às tantas disciplinas acadêmicas do dia-a-dia da Universidade.

O evento, que será realizado mensalmente, tem como tema da primeira edição mulheres que fazem a poesia contemporânea, inspirado no dia 8 desse mês, Dia Internacional da Mulher. Regem essa sinfonia de palavras as poetas Adriana Monteiro de Barros, Bárbara Araújo, Betina Kopp, Clauky Saba, Denizis Trindade, Karla Sabah, Kyvia Rodrigues, Maria Rezende e o grupo Madame Kaos, formado por Beatriz Provasi, Juliana Hollanda e Marcela Giannini. Além dos versos de própria autoria, as convidadas recitarão obras de outras/os poetas, consagradas/os ou novas/os, dentro da temática feminina, em seus aspectos políticos, afetivos, existenciais e suas tantas possibilidades artísticas. Na parte final do recital, o palco fica aberto para quem quiser poetar.

A poesia feita por mulheres, difundida no Brasil por grandes nomes como Clarice Lispector e Cecília Meirelles, é de uma riqueza e diversidade por vezes desconhecida, principalmente no cenário artístico atual. Dessa forma, a primeira edição do Poemática procura, de um lado, colocar em foco as mulheres que fazem poesia e, de outro, a pluralidade de assuntos por elas discutidos.

A Galeria de Artes do ICHF fica no Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail
galeriadeartes@vm.uff.br ou na página www.galeriadeartesdoichf.blogspot.com.

2.3.08


ICHF HOMENAGEIA AS MULHERES EM MARÇO

Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF prepara uma série de homenagens em sua Galeria de Artes durante este mês, com cinema, debate e poesia. As atividades têm início na próxima quarta-feira, 5/03, às 18h, com a exibição do filme “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” (Brasil, 1995), de Carla Camurati. O filme integra a mostra do cineclube CineGaleria dedicada às “Mulheres que fazem a História”, toda quarta-feira, às 18h, com entrada franca.

Serão exibidos, ainda, “Camille Claudel” (França, 1988), de Bruno Nuytten, no dia 12; “Xica da Silva” (Brasil, 1976), de Cacá Diegues, no dia 19; e “Rosa Luxemburgo” (Alemanha, 1985), de Margarethe von Trotta, no dia 26. A última sessão será seguida de debate com as professoras Magali Engel (FFP/UERJ), Rachel Soihete (História/UFF) e Suely Gomes (Serviço Social/UFF).

O encerramento será no dia 27/03, quinta-feira, a partir das 19h, com o evento Poemática – A indisciplina da poesia, que terá como tema “Mulheres que fazem a Poesia Contemporânea”, com apresentações de várias poetas convidadas.

A Galeria de Artes do ICHF fica no Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo. Mais informações na página www.galeriadeartesdoichf.blogspot.com ou pelo e-mail galeriadeartes@vm.uff.br.