Curadoria: Beatriz Tavares. Endereço: Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo - entrada externa. Telefones: (21) 2629-2918, 2629-2931 ou 8129-5676. E-mail: galeriadeartes@vm.uff.br
31.3.08
Galeria do ICHF inaugura dia 4 a Exposição "Movimentos Fractais",
de Márcia Vinhas
A Galeria de Artes do ICHF abriga no mês de abril a exposição "Movimentos Fractais", de obras da artista plástica Márcia Vinhas, niteroiense radicada em São Paulo, que expõe pela primeira vez em sua cidade natal. O coquetel de abertura será na próxima sexta-feira, dia 4, às 18 horas, com show do músico Eduardo Canto. A visitação permanece aberta até o dia 25, de segunda a sexta-feira, das 16 às 20h, com entrada franca. A Galeria fica no Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo. Márcia Vinhas é artista plástica Colorista, Geométrica e Fractais.Todo o seu trabalho é feito “Alla Prima”, em tinta óleo, sem desenhos ou retoques, fazendo com que cada tela seja única. Toda a expressão está contida no estudo das cores e das pinceladas, que através de suas junções, fazem surgir movimentos, obtendo assim, efeitos tridimensionais. - "A artista já participou de diversas exposições, e este ano ainda recebeu convite para participar da Primeira Bienal de Arte Contemporânea no México. Mas expor em Niterói, sua cidade natal, era um sonho que enfim se realiza. E uma oportunidade única para que seus conterrâneos conheçam seu trabalho e apreciem de perto a sua arte", afirma a curadora Beatriz Tavares. Mais informações sobre o trabalho da artista podem ser obtidos na página www.marciavinhas.multiply.com. Informações sobre a exposição pelo e-mail galeriadeartes@vm.uff.br.
27.3.08
Até dia 27, publicaremos um poema a cada dia. Tenham abaixo um gostinho do que vai rolar no evento...
EU E O MUNDO, de Karla Sabah meu corpo não agüenta canso um corpo é pouco amanso erro e sigo em frente berro ninguém entende choro ninguém escuta luto não há saída alma de artista incompreendida mundo filho da puta
MULHER MAIOR, de Denizis Trindade às mulheres sou uma mulher inteira, fêmea em eterno cio, sem medo de amar e errar. sou bruxa, fada e guerreira e enfrento até tempestades no deserto e em alto-mar. eu sou tudo e não sou nada e sobrevivo às tormentas sem escudo e sem espada. sou amante das estradas e namorada dos ventos, por isso é que eu sigo em frente. mais que tudo, eu sou mulher para o que der e vier. mais que mulher, eu sou gente.
Maria Rezende No meio dos meus peitos mora o filho que eu vou ter. O buraco que tem lá foi feito por ele em mim muito antes de chegar. Desse buraco eu nasci. Quando ele aparecer pra mulher que eu me tornei é nesse buraco antigo, bem no meio dos meus peitos, que ele vai se encaixar. Esse filho que vai vir faz meus dentes mais macios e ilumina o meu olhar. Lá no fundo do buraco, ocupando aquele espaço, estão minhas dádivas mais raras: as doçuras que eu cultivo, minhas melhores palavras, esperança armazenada esperando ele chegar. O dia em que ele vier ocupar minha barriga é nesse sonho vivido que ele vai se aconchegar, até que meus peitos inchados jorrem no seu corpo novo todo o leite abençoado que vai nos alimentar. Desse instante eu vou viver.
Ela passou não olhou para trás mas fez uma pequena pausa durante 5 segundos pensei que pensou em mim. Ela caminha e as ruas parecem labirintos passos e vôo. Vou atrás dela. Vôo. Nada mais existia virou jogo, playstation e entrei de cabeça nessa luta ocasional, passional, intelectual... A intuição guiava o instinto obedecia e ela se escondia. Eu já não podia mais parar. Não importava o destino final. Era ela. Estar perto dela sentir seu cheiro no vento pisar naqueles passos seguir seu rastro de luz até escurecer... E transcender essa ilusão.
ANDO VARIANDO, de Clauky Saba andam dizendo por aí que eu ando variando. só porque eu sou eu e sou muitas eus, em meu estilo básico louco romântico inconstante depressivo maníaco neurótico e bacana?
ando variando, ora pé, ora cabeça mudam de idéia, mudam senso e direção.
ando variando, ora amanheço, ora tardo, mas, não falho, só vario.
vario porque sou várias eus, esfinges e coliseus, indecifráveis, mas, fascinantes!
amo todas as minhas faces como se nunca as tivesse visto antes.
sem recalques nem percalços, ando com meus pés descalços.
REFLUXO, de Adriana Monteiro de Barros para Clarice Niskier
Não aprendi a me conter. Ainda vazo. Infiltro. Ainda derramo. Deságuam em mim correntezas. Rios sem margens. Viver é ato contínuo. Forma de eternizar o presente. E há muitas formas. Todas elas me cabem. Todas elas me existem. Umas desfolham. Outras me vestem. Umas, outono. Outras, inverno. Certas estações me vertem, sendo água. Certas pessoas me transpiram, sendo quentes. Acho que meu fluxo brota em letras. Depois de escrever, eu jorro para o mundo.
QUEM PINTOU A NORMA?, de Beatriz Provasi para os artistas do Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro
Que impulsos obscuros que movem tuas mãos? Qual a cor da tinta que corre em tuas veias? Que textura é essa que expressam teus olhos? Quanto de ti tinge a tela? Quantos de ti tingem a tela? Que mundos giram em torno de ti? Com que luz iluminas a terra? Com que luz iluminas as trevas? Como colores o cinza? Com que cinzas que fazes o fogo? Com que fogo me queimas a alma? Com que loucura se cria? Com o que se cria a loucura? Com que tinta, em que tela, te tingiram louco? Quem pintou o mundo assim, e não de outra forma? Qume pintou o mundo e te deixou de fora? Quem pintou essa tela sem cor, sem forma? Quem pintou a norma? Quem pintou a norma? E se Norma fosse uma bela mulher esculpida pelas mãos de um louco? E se de tão louco, Norma fugisse à norma e fosse mais bela que a mais bela das belas? E a ira das menos belas se voltasse contra ela? Ela seria banida, cercada de muros, teria as mãos amarradas ao corpo para que não pudesse acariciar? E se ainda assim fosse bela com olhos cheios de luz? Seria drogada e dopada para mais nada enxergar? E se ainda restasse um lampejo de vida na estátua esculpida? E se alguém sugerisse eletrochoque e sua luz virasse trevas? Será que a Norma se tornaria “normal”? Ou apenas invisível a olhos nus? Não habituados a tanta luz? ÚTEROS, de Juliana Hollanda para todas as mulheres
os úteros serão os primeiros a mordiscar a pele invadida dos seres extraterrestres através de experiências extra-sensoriais. eles vão rasgar fundo a dor que habita os baços cansados dos homens que possuem o objeto cortante do amor.
cuidado!
eles vão perfurar cartilagens da alma e conversar com os surdos companheiros das curiosidades que apaixonam raízes. árvores frondosas e belas que procriam com a terra irrigada, a chuva de lágrimas curtas da menina, que secou os cabelos com o secador na temperatura máxima.
úteros vão temperar a carne com o gosto suave das mãos cheias de creme hidratante e energia solar. ao mesmo tempo, vão saborear o vermelho sangue, das pegadas frias, de um tênis que chora. pobre all-star vermelho cansado de andar; as borrachas já soltas, sem cola e com furos no dedão do pé.
úteros que fervem no encontro de cérebros, como a água do talharim insosso, que vão servir no jantar para os namorados impacientes de terno e gravata sem nenhuma inspiração. úteros tremem de terremoto e, molhados de ondas do mar, serão os primeiros a dar a descarga e jogar os restos de ilusão confusa na latrina. úteros vão se perder na sarjeta de uma costura malfeita. úteros gritam o medo de morrer sozinhos e sem personalidade. úteros não se acomodam com uma companhia displicente do lado. AUTO-RETRATO, de Marcela Giannini
Como ir a fundo, Se eu não tenho fundo Como, tendo o mundo nas mãos Nada ter no mundo Pra quê ler a estória Se eu já sei o final Como rir da piada Se já me contaram uma versão quase igual Como querer resolver o problema Se eu o desmistifico antes do fim Como vencer Se eu me adianto E chego sempre Antes de mim?
POEMÁTICA - Uma nova (in)disciplina na UFF
Na próxima 5ª feira, dia 27/3, às 19h, vai rolar na Galeria de Artes do ICHF o recital Poemática - A indisciplina da poesia, em meio às tantas disciplinas acadêmicas do dia-a-dia da Universidade.
O evento, que será realizado mensalmente, tem como tema da primeira edição mulheres que fazem a poesia contemporânea, inspirado no dia 8 desse mês, Dia Internacional da Mulher. Regem essa sinfonia de palavras as poetas Adriana Monteiro de Barros, Bárbara Araújo, Betina Kopp, Clauky Saba, Denizis Trindade, Karla Sabah, Kyvia Rodrigues, Maria Rezende e o grupo Madame Kaos, formado por Beatriz Provasi, Juliana Hollanda e Marcela Giannini. Além dos versos de própria autoria, as convidadas recitarão obras de outras/os poetas, consagradas/os ou novas/os, dentro da temática feminina, em seus aspectos políticos, afetivos, existenciais e suas tantas possibilidades artísticas. Na parte final do recital, o palco fica aberto para quem quiser poetar.
A poesia feita por mulheres, difundida no Brasil por grandes nomes como Clarice Lispector e Cecília Meirelles, é de uma riqueza e diversidade por vezes desconhecida, principalmente no cenário artístico atual. Dessa forma, a primeira edição do Poemática procura, de um lado, colocar em foco as mulheres que fazem poesia e, de outro, a pluralidade de assuntos por elas discutidos.
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF prepara uma série de homenagens em sua Galeria de Artes durante este mês, com cinema, debate e poesia. As atividades têm início na próxima quarta-feira, 5/03, às 18h, com a exibição do filme “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” (Brasil, 1995), de Carla Camurati. O filme integra a mostra do cineclube CineGaleria dedicada às “Mulheres que fazem a História”, toda quarta-feira, às 18h, com entrada franca. Serão exibidos, ainda, “Camille Claudel” (França, 1988), de Bruno Nuytten, no dia 12; “Xica da Silva” (Brasil, 1976), de Cacá Diegues, no dia 19; e “Rosa Luxemburgo” (Alemanha, 1985), de Margarethe von Trotta, no dia 26. A última sessão será seguida de debate com as professoras Magali Engel (FFP/UERJ), Rachel Soihete (História/UFF) e Suely Gomes (Serviço Social/UFF).
O encerramento será no dia 27/03, quinta-feira, a partir das 19h, com o evento Poemática – A indisciplina da poesia, que terá como tema “Mulheres que fazem a Poesia Contemporânea”, com apresentações de várias poetas convidadas.
A Galeria de Artes do ICHF fica no Campus do Gragoatá da UFF, Bloco O, térreo. Mais informações na página www.galeriadeartesdoichf.blogspot.com ou pelo e-mail galeriadeartes@vm.uff.br.
A Galeria de Artes do ICHF é uma ampla sala situada no andar térreo do Bloco O do Campus do Gragoatá da UFF, ligada ao Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, criada para abrigar as mais diversas manifestações artísticas, de interesse acadêmico ou oriundas da comunidade acadêmica.Eventos como exposições fotográficas e de artes plásticas, mostras de cinema, debates, concursos e festivais artísticos, lançamentos de livros, apresentações de teatro, música, poesia, dança etc., integram a programação do espaço, aberto à visitação do público em geral durante o período letivo, sempre com entrada franca.
Histórico
O espaço foi criado em setembro de 2006, por iniciativa da Direção do ICHF, para abrigar as mais diversas expressões artísticas, tanto trazendo para a Universidade produções relevantes e de interesse acadêmico, como projetando artistas da própria Universidade.Para a inauguração, foi realizada uma mostra de filmes de curta-metragem produzidos por alunos de Cinema na UFF, a Mostra “Curta Todo Dia”, em que foram exibidos mais de 40 filmes durante duas semanas.Na seqüência, foram realizadas duas exposições fotográficas: “Aves do Campus”, em parceria com o Programa de Extensão Vida no Campus; e “A alma do vidro”, em parceria com a Sociedade Fluminense de Fotografia.Além de mais duas mostras de cinema: “Festival Latino Americano da Classe Obreira”, em que se debateu a realidade da América Latina a partir de filmes produzidos pelo Festival; e “Cinema na Agenda”, que concentrou todas as exibições de filmes seguidas de debates da Agenda Acadêmica.Programamos, para 2007, uma série de atividades com o objetivo transformar a Galeria de Artes do ICHF numa referência cultural dentro e fora da Universidade.
Relevância
A qualidade da Universidade Pública consiste no fato de ela não ser apenas um centro de formação profissional, mas também um ambiente de formação humana, produção de conhecimento, em que se integram ensino, pesquisa e extensão. A proliferação de espaços culturais contribui para essa formação integrada e completa. Cria um ambiente de socialização, reflexão, crítica, produção, criatividade. A arte humaniza o homem. Em oposição à formação mecanizada que se prolifera no "mercado de ensino" visando dar retorno unicamente ao mercado, a Universidade Pública promove uma formação humanizada visando dar retorno à sociedade. Eis a importância da criação e manutenção de espaços como a Galeria de Artes do ICHF na UFF.
Bolsistas
O projeto não foi contemplado com bolsas da Pró-Reitoria de Extensão para o ano de 2008.