14.9.06

Entrevista para a Folha Dirigida

Roberta Fernandes (Folha Dirigida) - Desde quando existe o espaço? Quanto tempo ficou fechado?

Beatriz Tavares (Geleria de Artes do ICHF) - O espaço físico não estava fechado. Só não estava sendo bem utilizado para fins culturais. Há, lá, com freqüência, apenas os ensaios do Coral da UFF. Não havia uma curadoria própria para a Galeria de Artes que promovesse atividades culturais lá. Sobre o surgimento do espaço, o Prof. Palharini poderá informá-la melhor.

RF - De que forma foi possível a reinauguração? De onde vieram as verbas, iniciativa etc?

BT - Bastou a criação de uma curadoria própria para a Galeria de Artes do ICHF. Não houve necessidade de verbas para a reinauguração. Usamos a estrutura de que a Universidade dispõe. O Prof. Palharini já há algum tempo desejava reativar o espaço. Eu ingressei como funcionária do Instituto no último concurso público. Como tenho formação na área artística (Cinema), o Prof. Palharini me indicou para a curadoria da Galeria de Artes e começamos a elaborar projetos próprios para o espaço, visando transformá-lo numa referência cultural dentro e fora da Universidade. A iniciativa é do ICHF, com apoio do Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) e do Núcleo de Comunicação Social (NUCS) da UFF.

RF - Qual foi a sua participação neste processo?

BT - Elaboração da programação e produção do evento.

RF - Quais os benefícios a reabertura do espaço proporcionam à universidade?

BT - A qualidade da Universidade Pública consiste no fato de ela não ser apenas um centro de formação profissional, mas também um ambiente de formação humana, produção de conhecimento, em que se integram ensino, pesquisa e extensão. A proliferação de espaços culturais contribui para essa formação integrada e completa. Cria um ambiente de socialização, reflexão, crítica, produção, criatividade. A arte humaniza o homem. Em oposição à formação mecanizada que se prolifera no "mercado de ensino" visando dar retorno unicamente ao mercado, a Universidade Pública promove uma formação humanizada visando dar retorno à sociedade. A reinauguração do Espaço Cultural e da Galeria de Artes do ICHF deverá contribuir para isso na UFF.

RF - Por que foi escolhida a Mostra Curta Todo Dia para reabrir o espaço? Os alunos que produzem cultura na UFF sentiam falta de um espaço para apresentar suas produções?

BT - Para a reinauguração do espaço, quisemos valorizar a produção interna. O curso de Cinema da UFF é um dos melhores do Brasil e sem dúvida o melhor do Estado do Rio de Janeiro, com uma produção intensa e de grande qualidade. Muitos dos filmes a serem exibidos colecionam prêmios em diversos festivais nacionais e internacionais e alguns de seus diretores, já formados, estão em plena atividade na área, enriquecendo o cinema nacional com sua formação universitária. Fizemos uma seleção que inclui filmes realizados desde a década de 70 até os lançados em 2006 - um panorama de toda essa produção. Não há, no Brasil, uma política de exibição de curta-metragem, e são poucos os festivais voltados para a produção universitária (um dos principais, o Festival Brasileiro de Cinema Universitário, é também promovido pela UFF). A Mostra Curta Todo Dia tanto possibilita aos alunos a exibição de seus filmes, como ao público tomar conhecimento dessa produção. Cabe ressaltar, no entanto, que o espaço não se restringirá à produção que é realizada no âmbito da Universidade. Já temos um projeto para novembro a ser realizado em parceria com o Instituto Municipal Nise da Silveira, que incluirá exposição de obras do Museu de Imagens do Inconsciente e outras atividades artísticas que abordem como tema a relação entre arte e loucura.

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